"Sais pelo sonho como de um casulo e voas.
Com tal leveza podes percorrer o mapa e ir e vir ao acaso,
ar e nome: como as borboletas.
Não és tu, mas a tua memória com asas.
E abrem-se os palácios, e percorres os tesouros guardados,
e és sorriso e silêncio e já nem precisas mais de asas.
Na noite encontras o dia, claro e durável.
Voas sobre séculos e horóscopos.
Ouves dizer que te amam
como ninguém jamais poderia confessar.
Não tens idade nem tribo, nem rosto, nem profissão.
Podes fazer o que quiseres com palavras, harpas, almas.
E quando voltas a teu casulo já não tens nenhum medo da morte.
E em teu pensamento há néctar e pólen."
Cecília Meireles
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