— Amo
como o amor ama.
Não
sei razão pra amar-te mais que amar-te.
Que
queres que te diga mais que te amo,
Se
o que quero dizer-te é que te amo?
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Quando
te vi amei-te já muito antes:
Tornei
a achar-te quando te encontrei.
Nasci
pra ti antes de haver o mundo.
Não
há cousa feliz ou hora alegre
Que
eu tenha tido pela vida fora,
Que
o não fosse porque te previa,
Porque
dormias nela tu futuro.
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E
eu soube-o só depois, quando te vi,
E
tive para mim melhor sentido,
E
o meu passado foi como uma estrada
Iluminada
pela frente, quando
O
carro com lanternas vira a curva
Do
caminho e já a noite é toda humana.
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Quando
eu era pequena, sinto que eu
Amava-te
já longe, mas de longe...
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Amor,
diz qualquer cousa que eu te sinta!
—
Compreendo-te tanto que não sinto,
Oh
coração exterior ao meu!
Fatalidade,
filha do destino
E
das leis que há no fundo deste mundo!
Que
és tu a mim que eu compreenda ao ponto
De
o sentir...?
.....................................
(Fernando Pessoa)
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