Seja Bem Vindo!

Eu não preciso de ti. Tu não precisas de mim. Mas, se tu me cativares, e se eu te cativar...Ambos precisaremos, um do outro. A gente só conhece bem as coisas que cativou, por isso tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas!

(Antoine de Saint-Exupéry).


sexta-feira, 23 de julho de 2010

Clariceando...

Há um ser que habita dentro de mim...


"Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse casa dele, e é. Trata-se de um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem — pois nunca morou antes em ninguém nem jamais lhe puseram rédeas nem sela — apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo: come às vezes na minha mão. Seu focinho é úmido e fresco. Eu beijo o seu focinho. Quando eu morrer, o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito. A menos que ele escolha outra casa e que esta outra casa não tenha medo daquilo que é ao mesmo tempo selvagem e suave. Aviso que ele não tem nome: basta chamá-lo e se acerta com seu nome. Ou não se acerta, mas, uma vez chamado com doçura e autoridade, ele vai. Se ele fareja e sente que um corpo-casa é livre, ele trota sem ruídos e vai. Aviso também que não se deve temer o seu relinchar: a gente se engana e pensa que é a gente mesma que está relinchando de prazer ou de cólera, a gente se assusta com o excesso de doçura do que é isto pela primeira vez".

(Clarice Lispector, em Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres)

4 comentários:

Tati disse...

Oi Mari, não conhecia este texto, mas tenho um cavalo destes dentro de mim também! E ainda me assusto quando relincha quando eu não espero, quando não quero... É selvagem e suave, tal qual o de Clarice... Linda lembrança!
Beijos.

Yasmine Lemos disse...

Viva Clarice! lindo .Bom dia Mari! passando e deixando eu beijo e um desejo de um fds em paz

Denise disse...

Clarice estampando os demônios internos que todos temos, convivendo com os anjos que adormecem nossas fúrias, graças à Deus! Se bem que em alguns dias, o trotar animal que nos toma é tão genuinamente vicejante quanto a suavidade que acalenta os passos, depois...

Linda a mensagem, Mari, tenha um lindo fds, minha amiga.
Beijos

Unknown disse...

Poe vezes a turbulência é tanta que o desassossego criado é galope à rédea solta, que nunca mais pára,
que nada fará parar.
Apenas o fim do prazer, o auge do cansaço, o alimento numa mão ou num regaço.
***
Apenas até...
Voltar ao seu lado "selvagem"
***
Aí...
Tudo renasce.

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