Seja Bem Vindo!

Eu não preciso de ti. Tu não precisas de mim. Mas, se tu me cativares, e se eu te cativar...Ambos precisaremos, um do outro. A gente só conhece bem as coisas que cativou, por isso tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas!

(Antoine de Saint-Exupéry).


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Boa tarde com Clarice Lispector...


Para gente ler...e refletir!




[...]Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios.
Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe. Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia[...]



(Clarice Lispector)

7 comentários:

Unknown disse...

Sempre a marcar pontos!

Gostei tanto que enviei às minhas amizades.

Saudações amigas. Um abraço.

Andre Martin disse...

E, tendo refletido e
concordado com ela,
diz o Inspetor da Clareira:

"Em resumo,
vestimos a armadura de nossas fantasias
para enfrentar a crueza da realidade.
Com isto,
temos sido o que não somos,
não tiramos partido do que repartimos,
temos feito o que nem queremos,
simplesmente porque aprendemos,
pelos outros, o que devemos ser,
e duvidamos de aprender, por nós,
o que precisamos ser simplesmente.
Alguns breves lampejos de lucidez
não são suficientes
para quebrar o paradigma,
e trazer a vida de volta
para dentro de nossas vidas...
E nessa loucura seguimos sonhando
entre uma felicidade e outra,
fazendo disto nossa existência."

Sandra Puff disse...

Olá, Mari...
Ganhei o selo da sua ONG de uma amiga...e fiz um Pos Especial...chamado Pratique Solidariedade...com o endereço eletrônico da Ong....vim conhecer você e já me instalei...já sou seguidora.
Convido você a conhecer meu Sapatinhos da Dorothy, se gostar...se instale...
Abraço carinhso.

Sandra Puff disse...

Olá, Mari
Obrigada por visitar o Sapatinhos da Dorothy...
Amei o "Bom Dia com Clarice Lispector"...já li todos os livros dessa DIVA...
Bjs,

Mari disse...

Joe, amigo querido!
Quando posto Clarice, é como se postasse aquilo que vai na alma!
Beijos

Mari disse...

Sandra,
Fui lá e me encantei com o seu espaço!
Seja bem vinda e obrigada pela ajuda!
Beijos

Mari disse...

Meu mais do que querido André!
Lindíssimo o seu texto, bem aquilo mesmo que você é , doce!
Um beijo enorme

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