Seja Bem Vindo!

Eu não preciso de ti. Tu não precisas de mim. Mas, se tu me cativares, e se eu te cativar...Ambos precisaremos, um do outro. A gente só conhece bem as coisas que cativou, por isso tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas!

(Antoine de Saint-Exupéry).


sábado, 6 de março de 2010

Pedaços de Clarice Lispector


Eu leio, leio e leio...e esta Dona está sempre a se revelar, pior...ela não se revela, mas através de seus textos ela revela tanta coisa que eu mesma preciso revelar, senão para o mundo, para mim mesma.
São fragmentos de Clarice que tanto têm a ver comigo...
Eu sei, que nestes últimos dias tenho citado muito Clarice, é que estou lendo o livro "Clarice na Cabeceira", uma série de contos comentandos por atores, escritores, etc. (e que recomendo aqui aos seus ávidos admiradores, uma leitura que vale a pena!).
A cada conto encontro alguma coisa que parece, foi escrita diretamente para mim...que tanto se identifica com algumas fases já passadas, quanto com umas vividas ainda agorinha num passado recente ou num presente imediato.
Eu acredito que a gente às vezes consegue falar mais através daquilo que escrevemos do que quando verbalizamos...eu, pelo menos tenho essa facilidade, ou essa válvula de escape, sei lá...

Dai, no conto "Amor" do livro "Laços de Família", encontro estas pérolas:

[...Sua juventude anaterio parecia-lhe estranha como uma doença de vida. Dela havia aos poucos emergido para descobrir que também sem a felicidade de vivia: abolindo-a, encotrara uma legião de pessoas, antes invisíveis, que viviam como quem trabalha - com persistência, continuidade, alegria. O que sucedera a Ana antes... estava para sempre fora de seu alcance: uma exaltação perturbada que tantas vezes perturbada que tantas vezes sen confundira com felicidade insuportável. Criara em troca algo enfim compreensível, uma vida de adulto. Assim ela o quisera e escolhera...]


[...A vastidão parecia acalmá-la, o silêncio regulava  sua respiração. Ela adormecia dentro de si...]


[...E por um instante a vida sadia que levava até agora pareceu-lhe um modo moralmente louco de viver...]


[...Deixou-se cair numa cadeira, com os dedos ainda presos na rede. De que tinha vergonha? Não havia como fugir. Os dias que ela forjara haviam-se rompido na crosta e a água escapava... De que tinha vergonha? É que já não era mais piedade, não era só piedade, seu coração se enchera com a pior vontade de viver...]


[...E, se atravessara o amor e o seu inferno, peneteava-se agora diante do espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração. Antes de se deitar, como se apagasse uma vela, soprou a pequena flama do dia.]

Esta passagens do conto em especial, me levaram num túnel de recordações de momentos nos quais, como Ana, eu olhei a minha vida de frente, encarando os medos e a falsa sensação de uma felicidade vazia, manipulada, conveniente, quando eu aquietava meu coração, com base na minha falsa impressão de segurança, que eu mesma havia criado para mim.


E depois quando acordei de dentro de mim, ao contrário de Ana, abri mão daquilo tudo que me era tão convencional e apropriado e ousei por uma vida mais sadia, optando por viver aquilo em que eu acreditava e não no que eu havia criado e com o passar do tempo assumido ser o definitivo para minha vida.


Eu decidi não apagar meus os desejos como quem apaga uma vela e segue adiante.
Eu optei por mim e por uma felicidade que eu ainda iria inventar.
Não é fácil a decisão, precisamos romper barreiras, quebrar paradigmas, enfrentar dissabores...e ainda assim, não temos a certeza de que as nossas escolhas vão nos levar a um caminho mais feliz, mas com certeza estas escolhas nos tirarão definitivamente de uma vidinha morna e sem sonhos...
A felicidade poderá então ser uma doce e agradável consequência...
Vale a pena arriscar, é melhor do que ficar imaginando como teria sido!

By: Mari

2 comentários:

Naty Araújo disse...

Mari... que sonho isso...
Vc escreve muuuuuuito bem.
Adoro Clarice, preciso ler esse livro urgente. Fará bem para mim.

Obrigada pelo carinho. Estou te seguindo também.

Mari disse...

Oi Naty, seja muito bem vinda aqui no Cantinho!
Obrigada pela carinho.
Quanto a Da. Clarice, ele o Sr. Pessoa são faróis que iluminam a todos nós, que apreciamos o que é bom!
bjs querida

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